Thursday, March 26, 2020

Nós e eles... Dos nacionalismos e patriotismos

Na minha família somos "nós", as outras famílias todas são "eles". Odeio as outras famílias todas? Não. Tenho orgulho dos feitos dos meus pais, avós, etc., mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim. mas foram por pessoas que, de alguma forma, a mim estão ligadas.
Na minha terra somos "nós", nas outras são "eles". Odeio todas as outras terras? Não. Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram na minha terra, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim, mas foram por pessoas que, de alguma forma, a mim estão ligadas.
No meu país somos "nós", nos outros são "eles". Odeio todos os outros países? Não. Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram no meu país, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim, mas foram por pessoas que, de alguma forma, a mim estão ligadas.
No meu planeta somos "nós", nos outros são "eles". Odeio todos os outros planetas? Impossível, nem sei se têm gente... Tenho orgulho dos feitos dos antigos que viveram no meu planeta, mesmo que esses feitos não tenham sido alcançados por mim, mas foram por pessoas que, de alguma forma, a mim estão ligadas.

Não há problema algum em termos orgulho dos nossos pais, avós, antepassados, terra, país, planeta e há sempre um "nós" e um "eles", sem que o "eles" tenha de ter um peso negativo, porque, de alguma forma, podemos todos ser nós. Não há mal nenhum, pelo contrário, em termos um sentido de identidade, em sorrirmos ao ouvir um fado enquanto estamos no estrangeiro, ou em ter saudades da bica/cimbalino. Não há problema nenhum em ter orgulho por ter uma pronúncia da nossa terra, ou em sorrir quando ouvimos um "carago" enquanto estamos em Lisboa. Isso é ter orgulho no nosso país, ou do nosso "cantinho". É termos uma identidade. Isso não é sinónimo de odiar os restantes. Odiar os restantes é quando queremos que, estando eles nos seus países, mudem e se tornem mais como "nós". Infelizmente por vezes odiamo-nos a nós quando aceitamos que o nosso canto mude por causa "deles".


Wednesday, March 25, 2020

Made in China


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O Partido Comunista Chinês mentiu e colocou todo o mundo em perigo. Podemos até extrapolar isto e afirmar que a China deve ser punida... a CHINA, não os chineses. Pessoas que afirmam: não comprem mais nos chineses, nem comam mais em restaurantes chineses, estão a ser racistas. Com esta crise acho bem que se queira que se compre produtos portugueses, mas na loja do chinês encontram-se muitos produtos portugueses. As famílias chinesas - muitas delas fugidas da opressão comunista - estão em Portugal há muito anos. A comunidade chinesa nunca criou problemas em Portugal. Não há nenhuma tendência para a criminalidade na comunidade chinesa, pelo contrário. São, em geral, honestos e trabalhadores. Que se queira não comprar produtos "made in china" compreendo, mas isso encontram tantos na loja do chinês, como na loja do "português". Olhem para o rótulo, não para os "olhos" de quem vende.

Wednesday, March 04, 2020

Afogar o nosso barco com os filhos lá dentro



Ontem morreu uma criança de 4 anos nas águas do mar Egeu quando a família tentava chegar à Grécia, desta não houve imagens porque não convém divulgar o motivo desta more (que já não é a primeira, este ano já vão em mais de uma dezena de crianças a morrerem assim, pela mão dos pais).
Esta família meteu-se, junto a outras dezenas de migrantes/refugiados num bote para chegar à Europa. O método sabiam qual era: iam até águas territoriais Gregas e viravam o barco para serem socorridos., é o método habitual neste contrabando que continuamos a alimentar enquanto os recebermos. Há quem fale em desespero, eu falo em falta de amor pelos filhos. Por muito má que fosse a situação na Turquia, os filhos não corriam risco de vida lá, o país não se encontra em guerra. Mas meterem-se num barco que vai ser virado para tentar chegar à Europa, sabendo que os seus filhos vão cair ao mar correndo o risco de não serem salvos a tempo, é colocá-los em risco de vida, matar os filhos num naufrágio provocado é falta de amor aos filhos.
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Monday, March 02, 2020

"Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas"

Conhecem o "Handmaids Tale"? Não a série mas o livro.

A história de "Handmaids Tale" ocorre num mundo distópico (pelo menos para a realidade ocidental), onde as mulheres não têm direitos, os homens tomam todas as decisões, as mulheres se vestem todas da mesma cor consoante a sua função (havendo empregadas, esposas,  escravas sexuais para gerar filhos e as "comandantes" dessas escravas) e tudo é muito austero.
Qualquer desvio da norma aceite é severamente punido. Uma realidade que, na verdade, lembra muito a lei da Sharia (homossexualidade é punida por enforcamento; adultério por afogamento; qualquer tentativa de fuga de uma escrava sexual é punida por apedrejamento até à morte; entre outros castigos como cortar dedos se alguém for apanhado a ler; cortar mãos por roubos, etc... - idêntico, como referi, à lei da Sharia do mundo islâmico).

Bom... muita gente associou a história ditatorial do Handmaids Tale ao Trump, mas a história original (que acabou, se não me falha a memória, na segunda temporada da série da televisão) foi escrita em 1985.
O mundo imaginado pela autora, Margaret Atwood, era de um mundo (a América) com uma religião nova (e a série de TV inicialmente foi fiel a essa ideia). Uma das primeiras coisas que ocorreu nessa nova religião foi a destruição de todos os crucifixos (coisa mencionada na série de TV inicialmente mas que, talvez com a pressa de continuar a escrever o seu sucesso, e com o impulso cada vez mais visível de querer rebaixar os conservadores, esqueceram esse aspecto original e agora, na série de TV, a religião já é cristã... uma desatenção (ou desonestidade propositada) vergonhosa da série.

Mas o porquê de se chegar a esse mundo é que acho interessante, e isso é que aqueles que se regozijam com o que julgam ser uma semelhança com o mundo pós-Trump, deveriam constatar:

O mundo antes da revolução que dá origem à dita ditadura distópica (para o mundo ocidental, repito), era um mundo onde os valores morais se invertiam: a homossexualidade vista como algo natural; Os abortos eram um direito comum. Os valores familiares começaram a estar invertidos. Os conservadores eram ameaçados; oprimidos; desrespeitados; silenciados e muitas vezes violentados.
Cansados da opressão em que viviam os conservadores juntaram-se e fizeram uma revolução extremando a situação.

Há semelhanças com a realidade actual? Sim (em especial na série de TV - pois esse é o seu propósito). Mas a crítica não é feita apenas aos conservadores que extremaram a situação criando um ditadura e sim aos que, pela violência, os oprimiram levando-os ao extremo.
Actualmente vemos, cada vez mais, uma perseguição aos conservadores, quer seja pelo silenciamento nas redes sociais- com suspensões e eliminações de contas por dizerem algo tão simples e verdadeiro como "só existem dois sexos" ou "it´s ok to be white"; ou pela coerção e intolerância, muitas vezes através da violência, a quem tenha a coragem de, abertamente, expor as suas ideias conservadoras, impedindo-os de ir falar em conferências e assembleias, muitas vezes através do uso da violência e vandalismo; ou pela ridicularização de conservadores e tentativa de os associar a fascistas e nazis.
A semelhança com o mundo antes da distopia retratada na série é óbvia. A reacção dos conservadores, felizmente (e porque a maioria dos mesmos não é, como quem os ataca gosta de acusar, fascista ou nazi), não é enveredar pela revolução, mas o poder deles, enquanto os "progressistas" não o impedirem, será sempre o voto. É isso que tem assustado os "progressistas": o voto dos conservadores... bem vistas as coisas, os "progressistas" são aqueles que têm demonstrado medo não só da liberdade de expressão e opinião, mas cada vez mais pelo poder da democracia.

Nós e eles... Dos nacionalismos e patriotismos

Na minha família somos "nós", as outras famílias todas são "eles". Odeio as outras famílias todas? Não. Tenho orgulho do...