Monday, March 02, 2020

"Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas"

Conhecem o "Handmaids Tale"? Não a série mas o livro.

A história de "Handmaids Tale" ocorre num mundo distópico (pelo menos para a realidade ocidental), onde as mulheres não têm direitos, os homens tomam todas as decisões, as mulheres se vestem todas da mesma cor consoante a sua função (havendo empregadas, esposas,  escravas sexuais para gerar filhos e as "comandantes" dessas escravas) e tudo é muito austero.
Qualquer desvio da norma aceite é severamente punido. Uma realidade que, na verdade, lembra muito a lei da Sharia (homossexualidade é punida por enforcamento; adultério por afogamento; qualquer tentativa de fuga de uma escrava sexual é punida por apedrejamento até à morte; entre outros castigos como cortar dedos se alguém for apanhado a ler; cortar mãos por roubos, etc... - idêntico, como referi, à lei da Sharia do mundo islâmico).

Bom... muita gente associou a história ditatorial do Handmaids Tale ao Trump, mas a história original (que acabou, se não me falha a memória, na segunda temporada da série da televisão) foi escrita em 1985.
O mundo imaginado pela autora, Margaret Atwood, era de um mundo (a América) com uma religião nova (e a série de TV inicialmente foi fiel a essa ideia). Uma das primeiras coisas que ocorreu nessa nova religião foi a destruição de todos os crucifixos (coisa mencionada na série de TV inicialmente mas que, talvez com a pressa de continuar a escrever o seu sucesso, e com o impulso cada vez mais visível de querer rebaixar os conservadores, esqueceram esse aspecto original e agora, na série de TV, a religião já é cristã... uma desatenção (ou desonestidade propositada) vergonhosa da série.

Mas o porquê de se chegar a esse mundo é que acho interessante, e isso é que aqueles que se regozijam com o que julgam ser uma semelhança com o mundo pós-Trump, deveriam constatar:

O mundo antes da revolução que dá origem à dita ditadura distópica (para o mundo ocidental, repito), era um mundo onde os valores morais se invertiam: a homossexualidade vista como algo natural; Os abortos eram um direito comum. Os valores familiares começaram a estar invertidos. Os conservadores eram ameaçados; oprimidos; desrespeitados; silenciados e muitas vezes violentados.
Cansados da opressão em que viviam os conservadores juntaram-se e fizeram uma revolução extremando a situação.

Há semelhanças com a realidade actual? Sim (em especial na série de TV - pois esse é o seu propósito). Mas a crítica não é feita apenas aos conservadores que extremaram a situação criando um ditadura e sim aos que, pela violência, os oprimiram levando-os ao extremo.
Actualmente vemos, cada vez mais, uma perseguição aos conservadores, quer seja pelo silenciamento nas redes sociais- com suspensões e eliminações de contas por dizerem algo tão simples e verdadeiro como "só existem dois sexos" ou "it´s ok to be white"; ou pela coerção e intolerância, muitas vezes através da violência, a quem tenha a coragem de, abertamente, expor as suas ideias conservadoras, impedindo-os de ir falar em conferências e assembleias, muitas vezes através do uso da violência e vandalismo; ou pela ridicularização de conservadores e tentativa de os associar a fascistas e nazis.
A semelhança com o mundo antes da distopia retratada na série é óbvia. A reacção dos conservadores, felizmente (e porque a maioria dos mesmos não é, como quem os ataca gosta de acusar, fascista ou nazi), não é enveredar pela revolução, mas o poder deles, enquanto os "progressistas" não o impedirem, será sempre o voto. É isso que tem assustado os "progressistas": o voto dos conservadores... bem vistas as coisas, os "progressistas" são aqueles que têm demonstrado medo não só da liberdade de expressão e opinião, mas cada vez mais pelo poder da democracia.

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