Saturday, June 16, 2018

Adolescência e confusões

Lembram-se de quando eram adolescentes? Lembram-se da confusão que ia nas vossas cabeças?
A adolescência é uma fase da vida em que a pessoa tenta "encontrar-se", compreender-se, compreender o mundo que a rodeia e saber quem é. Nesse processo é muito importante que ela se aceite tal como é, "lixe arestas", e saia da adolescência um adulto completo.

Imaginem agora que tinham passado a adolescência numa altura em que se normalizava a transsexualidade. Imaginem que nessa fase em que não sabemos quem somos, não nos compreendemos, o nosso corpo muda, ocorrem com esse corpo tantas coisas que rejeitamos, percebiam que se dissessem que rejeitam esse corpo, vos dariam hormonas para atrasar esse vosso desenvolvimento, para o corpo não mudar, para vocês continuarem a ser mais aquilo que sempre foram - crianças. Não. O adolescente que muda de "género", não pensa que quer ser criança, o que pensa é que "rejeita o corpo que tem", porque muitos rejeitam essa mudança. São mudanças terríveis que não é fácil para todos e muitos querem travar. Num mundo que normaliza a transsexualidade esse travão é possível, rejeitar o corpo é possível.
E lá vem mais uma notícia, como se fosse uma vitória, de mais uma criança que rejeitou o que era e que, oficialmente, deixou de se chamar Charlotte, para se chamar Gabriel. Mas não é uma vitória. É uma derrota. Uma derrota da humanidade. Uma derrota pessoal da Charlotte que ficará confusa durante muitos anos e, se calhar, daqui  a uns anos/décadas arrepende-se, volta a ser Charlotte, mas agora já não é notícia porque esses casos, e são muitos (ao contrário do que tentam fazer-nos crer), já não servem a narrativa oficial, nem ajudam na normalização de algo que é perfeitamente anormal e nunca, nunca, deveria ser permitido ocorrer numa fase da vida de tanta confusão, tanta mudança. A pessoa tem de encontrar-se, mas para se encontrar não pode fugir de si mesma. É o que acontece sempre que permitimos que uma criança/adolescente rejeite aquilo que é, e os confundimos afirmando que na realidade são o que nunca foram.


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